terça-feira, 7 de junho de 2016

Aqualtune
 Aqualtune também conhecida por Aqualtune Ezgondidu Mahamud da Silva Santos foi uma princesa congolesa e guerreira. Sua história se passa no século XVII.


Princesa-guerreira, um dos maiores símbolos de resistência  e luta pela liberdade negra, mãe de um dos maiores líderes pela luta da liberdade negra, e avó  de talvez o maior dos líderes da luta contra a escravidão. Ou se você quiser resumir, simplesmente Aqualtune.
Não consegui saber de fatos sobre a infância da princesa. Seu rastro histórico começa no ano de 1665, quando, segundo a história, liderou cerca de 10mil guerreiros congoleses, no que ficou conhecido como “a Batalha de Mbwila”, quando a sua tribo foi atacada por outra de nome “Wachagas”- há quem diga que o conflito foi provocado pelos portugueses, interessados  em cativos para o comércio de escravos. O fato, é que a tribo de Aqualtune perdeu o combate, e a cabeça o pai dela, o rei de Mani-Kongo, foi cortada e exibida em uma igreja, enquanto a sua filha, foi presa com seus companheiros e vendida como escrava.

Forte de Elmina,
em Gana, atualmente, forte de São Thiago
Então, teria sido enviada em um navio negreiro para o forte de Elmina, em Gana, onde teria sido “batizada” por um bispo católico e, como prova de seu batismo, foi marcada uma flor com ferro quente em cima do seu seio esquerdo. Daí completou a travessia no navio negreiro para o Brasil, onde desembarcou em  Recife. Alguns dizem que ela já teria embarcado grávida, e teria sido estuprada diversas vezes por outro escravo, pois, forte e saudável, foi escolhida para ser vendida como escrava reprodutora. Conta que em desespero, ao embarcar em  Recife teria tentado correr para o mar- provavelmente uma tentativa desesperada de voltar para a sua terra natal.

Porém, nossa guerreira se encontrava em um estado de letargia profundo. Provavelmente, depressão- e quem não compreenderia?  Já em Recife, foi  vendida para uma fazenda especializada em gado e o dono da fazenda, ao saber da sua origem, e que Aqualtune ainda era venerada por alguns escravos devido a sua origem, a entregou para os seus piores homens em sua fazenda.
Forte São Jorge da Mina e São Thiago
E a letargia em nossa heroína continuava. Até que,  na altura do sexto mês de gravidez, ela sentiu  seu bebê se mexer e “seu sangue se mexeu junto”.
Então, ela ouviu falar  em um chamado “Reino dos Palmares”. Desde o primeiro momento da escravidão no Brasil, que vários negros criaram centros de resistência fugindo para o interior. Mais ou menos em 1606, um grupo de escravos conseguiu se estabelecer nas montanhas de Pernambuco, e ali conseguiram  estabelecer um “mocambo”, na região conhecida como Palmares.
Então, surgiu em Aqualtune  a vontade de fugir e se juntar ao povo de Palmares. Juntou-se a um grupo de escravos para se insurgir e destruir a casa grande. Conseguiu e, no meio de sua fuga, mais escravos foram se somando ao grupo ao longo do caminho.  Conta-se que chegaram com ela cerca de 200 escravos ao Reino de Palmares. Então, alguns contam que  sua origem real teria sido reconhecida, mas o fato é que ela se tornou o líder do Reino dos Palmares. E dentro do chamado reino dos Palmares, ela teria fundado o chamado “Quilombo dos Palmares”.  Ali, Aqualtune deu a luz a dois filhos, ambos os guerreiros que também entraram para a história: Ganga Zumba e  Ganga Zona, conhecidos pela sua coragem e liderança. Também teve uma filha, de nome Sabina, que teve mais tarde, um menino chamado Zumbi, que mais tarde ficaria conhecido como “Zumbi dos Palmares”, e seria  reconhecido como um dos maiores líderes negros da história.

O final da vida de Aqualtune é controverso. Alguns dizem que umas das várias expedições enviadas pelo governo português e donos de fazenda teriam queimado a vila onde ela vivia junto com outros idosos da comunidade. Outros alegam que ela teria conseguido fugir. Outros ainda afirmam que ela simplesmente morreu de doenças da velhice. O fato, é que há uma lenda que os deuses da África teriam tornado nossa guerreira imortal, um espírito ancestral que conduziu seus guerreiros até a queda definitiva do quilombo dos palmares em 1694. Dizem que até hoje ela é lembrada em Pernambuco, e a princesa, cantada na música Zumbi, de Jorge Bem Jor, seria uma referência à Aqualtune.

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